FP - Nakano Ruri

Ruri sempre foi energética e brincalhona, corajosa e muito confiante, desde seus primeiros anos de vida. Essa personalidade, no entanto, rendeu à menina o título de alguém "pouco feminina" aos olhos dos outros, e por este exato motivo, muitas das meninas de sua idade geralmente não a chamavam para brincar, fofocar ou fazer esse tipo de "coisa de garota". Porém, ela acabou encontrando nos garotos a sua chance de se divertir como realmente gostava, e enturmou-se bastante com o grupo de meninos de sua classe; daí, ela passou a ser conhecida por todos como aquela típica "menina-moleque", que prefere brincar de lutar ou jogar bola a brincar com bonecas ou de casinha. Não obstante, a sua personalidade radiante contagiava a todos, e por mais que ela não costumasse conversar muito com outras garotas, não havia uma única pessoa que pudesse dizer que não gostava dela - Ruri com certeza teve uma infância muito feliz e cheia de brincadeiras, mas, até aí, nada fora do comum. Isto é, até aquela noite.

Quando tinha sete anos de idade, certa noite, Ruri acordou no meio da madrugada. Ela tinha ouvido um barulho estranho vindo do andar debaixo, como se fossem vozes silenciosas e quase inaudíveis. Crianças normais muito provavelmente teriam tentado voltar a dormir, ou chamariam pelos pais, mas aquela garota era qualquer coisa menos medrosa - a única coisa que ela queria naquele momento era descobrir do que se tratavam os sons misteriosos. Descendo as escadas com cuidado, em silêncio, ela se deparou com uma sena bastante inusitada: um homem velhinho estava contando uma história para duas crianças, que deviam ter mais ou menos a idade de Ruri. O estranho era que eles pareciam meio transparentes, e estavam flutuando. - Quem são vocês? - a menina se aproximou, como se aquilo fosse completamente normal. Os espíritos ficaram um pouco atordoados - viviam na casa já faziam alguns anos, e ninguém, nem mesmo a garotinha, tinha conseguido notá-los até então. O velho, no entanto, aproximou-se e se apresentou, perguntando se Ruri também queria ouvir algums histórias. Ela passou a madrugada na sala, então, junto ao velhinho e seus dois netos - só pouco antes de se retirarem, ao raiar do sol, foi que o homem explicou que eles eram antigos moradores daquela casa, espíritos, e que esperava que ela não se importasse se eles continuassem por ali. Ruri, obviamente, não teve objeções, dando um sorriso banguela para o velhinho antes dele desaparecer. Ela se encontrou com ele outras vezes durante vários anos, e também começou a notar outros desses fantasmas pelas ruas da cidade.

Alguns anos depois, quando ela tinha doze anos, Ruri se deparou pela primeira vez com uma criatura inimaginável e assustadora, um Hollow. Ela viu o monstro perseguindo o espírito de uma garotinha, à noite, enquanto voltava para casa depois de sair para brincar com seus amigos. Sem saber o que fazer ou como reagir, ela simplesmente assistiu a tudo, sem poder fazer absolutamente nada. O problema é que, depois de devorar o fantasma, a criatura virou-se para Ruri, como se tivesse percebido que ela estava ali. Pulando pelos telhados, ele a perseguiu enquanto ela corria desesperada e sem rumo, apenas pensando em sair viva. Foi num beco sem saída, no entanto, que ela se viu frente a frente com a morte - o monstro estava a poucos metros, e pronto para atacá-la. No entanto, como que por um golpe de sorte, um homem vestido com roupas negras desceu dos céus (literalmente) e com a sua espada, partiu o Hollow no meio sem qualquer esforço. - Parece que você consegue enxergar eles, hã? Bem, tome bastante cuidado, eles vão atrás de qualquer um que tenha um pouquinho a mais de poder espiritual. Mas não se preocupe; nós Shinigamis estamos aqui pra cuidar deles. - o homem deu um sorriso, e desapareceu tão rápido quanto surgiu. Desde aquele dia, então, Ruri passou a se dedicar ainda mais no seu treino com espadas - que praticava desde os seis anos - para que se, um dia, encontrasse outro daqueles Hollows, pudesse se mostrar forte o suficiente para derrotá-lo.