Rank C - Jesse e a Investigação em Rukongai

Não havia apenas um caminho, mas um labirinto deles. O suor escorria por meu corpo, meu coração batia aceleradamente a cada passo que eu dava. O ser monstruoso perseguia-me sem deixar brechas para um escape, logo ele me alcançaria e poria um fim em minha vida, mas assim que o golpe me atingiu....acordei num sobressalto. Às vezes, tinha pesadelos como este e sempre acordava da mesma maneira, que é sendo morta.

— Argh...ainda é duas horas da manhã, mas o sono escapou de meu corpo. Maldição. — reclamei comigo mesma. Levantei da cama, calcei meus chinelos e adentrei o banheiro. Meu rosto declarava evidentemente que não estava bem, os olhos estavam vermelhos e grandes olheiras negras os circulavam.

Enxaguei o rosto, escovei os dentes e arrumei o cabelo, por fim, vesti meu traje shinigami e parti de minha casa. As ruas estavam calmas, afinal já passava das duas. Contudo, alguns seres ainda perambulavam por aquela escuridão, eu estava entre eles. Normalmente dormiria o máximo que pudesse, mas estava totalmente despertada e energia derramava de meu corpo.

Circulei por horas sem destino algum, apenas contentava-me em estar andando. Logo, o dia nasceu e o sol preencheu todo o lugar com uma forte luminosidade. Ceifeiros começavam a aparecer por todos os cantos, alguns tinham pressa e corriam desesperadamente, outros apenas seguiam em sua própria velocidade.

Como já era hora de trabalhar, eu apenas segui para o centro de meu esquadrão, local onde estava o mural de missões. E, assim como ontem, antes de ontem e em cada dia, havia uma missão destinada para mim. Peguei o envelope e o li rapidamente, parando para fazer anotações mentais nos pontos principais. O sorriso veio sem querer, mas as risadas foram genuínas, finalmente, tinha conseguido uma missão de nível superior, afinal meu progresso começava a tornar-se evidente.

Ajuntei meus pertences e rumei para o distrito quinquagésimo segundo de Rukongai. O caminho não era difícil, embora seja um pouco comprido. Porém, não demorou muito para chegasse ao tal local. Não estava esperando por aquilo, mas assim que cheguei pude avistar um aglomerado de pessoas se curvando perante um homem. Todos diziam as mesmas palavras ''Salve o grande mestre, salve Germano'', num ritmo sem fim.

O homem estava sentado em um trono no centro da multidão, rindo e se divertindo com o que estava acontecendo. Ele não era do tipo forte, possuía um corpo pequeno e magrelo, seus cabelos caíam por seu rosto e eram negros como a noite. Em sua cintura era possível ver uma espada. Certo, ele definitivamente era o homem que eu estava procurando. Mas por que todas aquelas pessoas estavam o adorando? Isso não saia da minha mente, no entanto, logo acabei descobrindo o porque.

Depois de um certo tempo cantando, as pessoas se levantaram e formaram uma fila. E, uma por uma foi atendida pelo homem, Germano, que de modo não tão milagroso fingiu curar as pessoas, aclamando ser deus. Contudo, eu sabia exatamente o que estava acontecendo. Ele deveria ter sido uma membro do quarto esquadrão e por isso tinha conhecimentos médicos. Pobres pessoas, afinal estavam sendo enganadas por um mero mortal.

Foi então que resolvi agir, movi-me sorrateiramente para detrás do trono do falso deus e, assim que tive uma chance pulei nele. O acertei na cabeça, jogando-o para fora do trono e deste modo conseguindo uma breve vantagem, no entanto, as pessoas não gostaram do que eu tinha feito e por isso tentaram me impedir de chegar até ele. Tentei empurra-las para longe, mas eram muitas e estavam por todos os lados.

— O que pensam estar fazendo? — gritei para os demais. — Vocês estão muito enganados se pensam que ele é deus. Este homem não passa de um mero mortal, um shinigami como eu. — Todos urraram contra mim, pois não acreditavam no que estava dizendo. Contudo, perguntei-lhes o por que de um deus ter que usar espada, e todos ali pararam de gritar e começaram a pensar nisto. Pronto, tinha fisgado eles. Fiz mais algumas observações sobre o homem, enquanto ele retrucava dizendo que aquilo era mentira de minha parte, mas as pessoas caíram em si e perceberam quem ele realmente era. Novamente começaram a cantar, mas dessa vez somente uma palavra era dita, 'mentiroso'.

O homem tentou escapar, mas dessa vez as pessoas abriram passagem para mim e assim consegui chegar até o ser. Germano, o falso deus, percebendo que não teria para onde fugir, voltou-se para mim e tentou me acertar com sua espada. Infelizmente para ele, eu estava esperando por aquilo e num pulo para o lado consegui desviar do golpe, enquanto acertava o punho esquerdo em seu rosto. Desmaiado e sem poder se mexer, peguei seus braços e suas pernas e as amarrei com uma corda que o povo havia entregado a mim.

Não demorou para que os superiores decretassem sua prisão. Germano ficaria um bom tempo na cadeia pensando na burrada que tinha feito. E, deste modo, mais uma missão se concluiu.