[Rank D] Sediento - Oportunista

Pode-se afirmar que somente aqueles que sabem aproveitar as oportunidades no Hueco Mundo realmente sobrevivem e progridem. Por isso estava aprendendo a ser um verdadeiro oportunista, atentando-me aos detalhes que me cercavam.

Um trio de hollows estavam agrupados atrás de uma elevação de areia e nem notaram minha aproximação, normalmente se via esses espíritos se devorando ou simplesmente um surrando o outro. Encontrar alguns deles conversando como se planejassem algo era uma coisa que devia ser investigada.

- Vamos, Kazuo, há quantos anos estamos aqui? - esse hollow que assemelhava-se e muito a um macaco demonstrava estar revoltado com alguma coisa.

- Não importa Yachi, é muito arriscado enfrentar um shinigami assim - Kazuo era como uma salamandra de 7m de comprimento.

- Acha que não sei? Toda vez que vamos ao Mundo Humano temos de fugir rapidamente sempre que aquele maldito aparece, as vezes nem conseguimos nos alimentar! - o hollow-macaco deu um murro na areia - Agora vai ser diferente! Estamos em maior número e mais fortes, tenho certeza que podemos matá-lo. Yasu concorda comigo.

- Yachi tem razão, se não eliminarmos ele logo podemos não ter outra oportunidade assim - o terceiro e último hollow parecia uma mariposa gigante.

- Ok, não vou ficar discutindo com vocês. Mas se perdermos juro que mato os dois - vibrando com a decisão do companheiro os dois hollows seguiram Kazuo em direção a uma garganta.

Mesmo que superficialmente analisando não demonstrassem serem hollows verdadeiramente poderosos, acreditava sinceramente que poderiam manter o shinigami do qual falavam ocupado por algum tempo. Certamente usaria esse momento para caçar e devorar algumas almas, a sede já estava se tornando insuportável.

Assim que passaram pela garganta tratei de segui-los logo em seguida, saindo na cidade de Karakura perto do centro. Não tinha ideia para onde seguia, mas os três hollows avançavam em direção ao norte, obviamente, segui na direção oposto pulando de prédio em prédio.

Depois de viajar por alguns minutos cheguei num ponto onde havia mais predominância da vegetação do que o típico ambiente urbanizado que estava acostumado a visualizar. Numa escadaria que vinha desde a base do morro e seguia até o topo, vislumbrei quatro almas caminhando calmamente. Movendo-me da maneira mais silenciosa possível me embrenhei entre as árvores apenas observando o que falavam, sinceramente, já era a segunda vez que fazia isso naquele dia e começa a me sentir uma verdadeira sombra viva.

- Não se preocupem almas inocentes, no topo desta montanha está o templo que nos purificará e nos conduzirá para a Luz e Paz Eterna - um senhor de idade desprovido de todos os fios capilares e com uma vestimenta alaranjada segurava à frente do corpo uma esfera de cristal azul, como se fosse algum objeto sagrado.

Atrás dele seguiam três homens, dois mais velhos que deveriam ser pais de família que morreram de forma natural, entretanto, um delinquente que seguia mais atrás não parecia confortável.

- Inocente meu p*u... Deixa só eu sair daqui e vou matar aqueles malditos, achando que venceram minha gangue fácil assim - seu corpo tatuado e cabelo rebelde demonstrava uma revolta anormal com a própria vida.

- Meu jovem, acalme seu coração - o senhor apontou a esfera para o jovem e começou a recitar um mantra - OM - MANI - PADME - HUM. OM - MANI - PADME - HUM.

- C*ralho velho! Só me tira logo daqui! - desviou dele e seguiu caminhando pelos degraus com mais rapidez.

- Não seu preocupe, logo toda essa confusão sumirá e seus pensamentos serão claros como o dia.

Aquela cena estava me enojando, por um momento senti inveja. Verdadeiro desejo pelo o que eles buscavam, só de pensar que poderiam encontrar paz e eu não criou um sentimento de ódio momentâneo. Saltei dentre as árvores caindo perto dos dois homens, um deles abocanhei de imediato sacudindo-o no ar enquanto prensava o segundo com o solo.

- Socorro! Socorro!!! - seu apelo cessou assim que devorei sua cabeça e a engoli com o restante do outro, encarando em seguida o velho religioso.

- RAKHE RAKHAN HAR. RAKHE RAKHAN HAR. RAKHE RAKH... - entoava o mantra freneticamente apontando sua esfera de cristal em minha direção - Corra meu filho! Corra e encontre a Luz antes que esse espíritos das trevas o alcance! RAKHE RAKHAN HAR. RAKHE RAK...

O gangster não pensou duas vezes em abandonar o sacerdote e começou a subir a escadaria como um verdadeiro velocista. Por mais que o senhor de idade tentasse demonstrar confiança, a tremedeira em suas pernas demonstrava seu medo.

- Nunca houve Luz... - tendo lhe dito isto, parti seu corpo ao meio com uma única mordida.

Chegando no templo o rapaz corria acreditando que assim que entrasse estaria livre, mas ao passar pelas portas tudo que ouviu foi um silêncio tenebroso e via que o inferno ainda acontecia. Minha sombra o cobriu por inteiro, com relutância se virou para me olhar. Suguei a perna do velho engolindo-a e depois rugi, tendo apenas meio metro nos separando.

- Mentiroso! Velho dos infernos! Você diss... - coloquei um basta naquelas palavras sujas, golpeando-o com um soco o lancei para longe.

Contorcendo-se no chão tentava se colocar em pé, mas não conseguia. O envolvendo com minha cauda o ergui até deixá-lo sobre minha boca e o soltei, passando direto por entre meus dentes e caindo na minha garganta.

- Lhe prometeram Luz e Paz Eterna. Eu lhe dou Escuridão e Esquecimento Eterno.